TD do IESS mostra crescimento da demanda por serviços de saúde entre os jovens
Nosso novo trabalho identifica um cenário preocupante para a saúde suplementar: o crescimento de demanda por serviços de saúde, de forma cada vez mais precoce, entre os beneficiários mais jovens (faixas etárias de 0 a 18 anos e de 19 a 23 anos). Por outro lado, o mesmo trabalho constata que beneficiários de faixa etária mais idosa, de 59 anos ou mais, ainda não retomaram os padrões de consultas e exames verificados anteriormente à pandemia de Covid-19, ao mesmo tempo em que continuam sendo, naturalmente, o grupo de beneficiários com maior prevalência nas internações.
Os dados constam do “Texto para Discussão 108 – Análise do Prêmio de Risco e da Frequência de Utilização em Planos Individuais: Contribuições para o Debate sobre a Regulação de Preços na Saúde Suplementar”, que acabamos de disponibilizar. As descobertas trazidas pelo estudo indicam para a potencial necessidade, futura, de revisar a precificação e os reajustes dos planos de saúde conforme a faixa etária.
Como se sabe, o sistema de saúde suplementar se assenta sobre o princípio do “mutualismo”, no qual as pessoas mais saudáveis e que demandam menos por serviços de saúde (em sua maioria jovens) subsidiam os custos provocados pelas necessidades de serviços para quem precisa de mais assistência à saúde (majoritariamente, mais idosos). Esse princípio é o que garante o equilíbrio do sistema, de modo a garantir acesso e permanência no sistema dos mais jovens e dos idosos.
A crescente demanda por serviços de saúde (terapias, tratamentos ambulatoriais e internações) pelos jovens, de forma cada vez mais precoce, é um indicativo de que o sistema pode ter desafios importantes para sua sustentabilidade. Reflete, conforme mostra o estudo, mudanças no estilo de vida, alterações de padrões epidemiológicos e alterações introduzidas, ao longo dos anos, nas bases estruturais do sistema, especialmente – mas não apenas – com a introdução de novas tecnologias e coberturas. O trabalho levanta a hipótese, inclusive, de o aumento na frequência de utilização entre jovens poder estar relacionado à maior incidência de diagnósticos como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e a condições crônicas, como a obesidade, ressaltando a necessidade de atenção e acompanhamento dessa população.
Com esse trabalho, mostramos a necessidade de reforçar as estratégias de promoção da saúde e de acompanhamento mais próximo entre os mais jovens, mas também apontamos uma tendência que interfere diretamente na estrutura de custos do setor e em potenciais riscos à sustentabilidade financeira do sistema.
Clique aqui e leia a íntegra do estudo.