Quanto é demais? O desafio da dosagem correta nas terapias para o TEA
É recorrente, entre famílias de portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA), a busca pelas chamadas “intervenções intensivas”, com 20, 30 ou até 40 horas semanais de terapias. Embora essas abordagens possam ser úteis em alguns casos, nosso estudo desenvolvido em parceria com a Genial Care alerta para o risco de uma prescrição padronizada e sem base individualizada. Caso queira saber mais, clique aqui e acesse nosso estudo.
Uma meta-análise publicada na revista JAMA Pediatrics em 2024, conduzida por Sandbank et al., apontou que a intensidade da intervenção, por si só, não se correlaciona de forma consistente com melhores resultados no desenvolvimento de crianças com TEA. O artigo pode ser acessado aqui: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38913359/
Ou seja: mais horas não significam, necessariamente, mais progresso. A definição da “dosagem terapêutica” ideal precisa levar em conta fatores como o perfil da criança (considerando os distintos “graus” do transtorno), suas comorbidades, o tipo de terapia aplicada, o nível de suporte necessário e, claro, as características familiares. Nosso estudo chama a atenção: O excesso de sessões pode gerar sobrecarga emocional, comprometer o convívio familiar e afetar a adesão da própria criança ao tratamento.
Além disso, o custo dessas terapias intensivas é elevado, tanto para as operadoras quanto para as famílias — especialmente em um contexto de escassez de profissionais qualificados. Como mostra o estudo, os quadros mais complexos demandam maior carga horária e equipe multidisciplinar, elevando significativamente os custos.
A melhor terapia não é a mais longa, mas a mais adequada. Definir a carga horária com base em evidências e personalização é o caminho para promover resultados reais e sustentáveis. Essa é uma decisão que deve envolver médicos, terapeutas e famílias em diálogo, sempre com foco na qualidade da intervenção e no bem-estar da criança.