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Fevereiro 2021
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Recentemente, apresentamos alguns dados da nossa “Análise Especial do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar no Brasil entre 2014 e 2019”, que registrou aumento das despesas na assistência à saúde – mesmo com redução do número total de beneficiários – e crescimento da quantidade de procedimentos de assistência médico-hospitalar realizados no mesmo período. No intervalo analisado, o número total passou de 1,19 bilhão para 1,43 bilhão, aumento de 19,6%. Veja mais detalhes aqui

Claro, esses exames são extremamente úteis à prática médica e essenciais para diversos diagnósticos. Contudo, também é um fato que muitos dos exames de imagem emitem radiação nociva à saúde do paciente, por exemplo. Assim, pensando na qualidade assistencial, é fundamental que esses exames só sejam solicitados quando absolutamente necessários.

Recente publicação da revista Consumidor Moderno lembrou que o Brasil é um dos países que mais realizam exames médicos no mundo. Recente levantamento da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aponta para a realização de mais de 900 milhões de exames no país – mais que o dobro de países como a Holanda.

Segundo a reportagem, o mercado nacional vem buscando por uma maior verticalização no atendimento. Com o alto número de exames realizados, os planos de saúde estão centralizando os serviços médicos. Segundo Tiago Lázaro, economista e CEO da Mitfokus, fintech especializada em soluções tributárias, financeiras e contábeis da área médica, uma das principais razões para o desperdício no setor de saúde está no modelo de remuneração praticado. “O sistema fee-for-service, em que os pagamentos são realizados por serviço prestado, é um estímulo à solicitação de exames e procedimentos por vezes desnecessários. A tendência é que haja uma transição para modelos de remuneração mais enxutos, com corte de desperdícios, que valorizem medidas com impacto real na saúde dos usuários”, explica.

Para o especialista, no modelo de verticalização, as operadoras passam a ter um controle maior sobre os seus custos, centralizando os serviços nos planos de saúde, reduzindo, assim, os gastos com pagamentos de exames externos. O que deve minimizar o número de exames complementares e tratamentos desnecessários, gerando economia às operadoras e melhores resultados para os pacientes.

Veja a reportagem na íntegra aqui.

Outubro 2019
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Recentemente, mostramos dados da pesquisa IESS/Ibope que indicam diferenças relevantes entre o comportamento de beneficiários e não beneficiários com relação ao uso de serviços de saúde – relembre. Mas a pesquisa também apontou hábitos distintos na realização de exames entre os dois grupos, que vamos analisar hoje. 

De modo geral, a quantia de beneficiários que realizam exames de rotina é proporcionalmente maior do que a da população de não beneficiários. Contudo, em média, os não beneficiários realizam exames de triglicérides, colesterol, glicemia e aferição de pressão mais vezes por ano do que as pessoas que têm plano de saúde. 

Entre aqueles que têm vínculos com planos de saúde, por exemplo, 71% realizaram exames de glicemia. 20 pontos porcentuais (p.p.) acima do total de não beneficiários que realizaram o exame. Por outro lado, a população geral realizou, em média, 2,1 exames, enquanto a população com plano realizou 1,9 exame. 

O fato de termos proporcionalmente menos pessoas fazendo os exames mais vezes por ano pode indicar uma ineficiência do sistema, especialmente porque esses exames têm uma validade longa, que não justificariam sua repetição, em condições normais, dentro de tão pouco tempo. No entanto, é bem possível que a maior taxa de realização de exames entre não beneficiários se deva ao fato de estes realizarem exames já em situação de necessidade, ou seja, com uma condição clinica já instalada, requerendo portanto acompanhamento mais regular, o que exige a repetição mais frequente dos exames. 

Claro, esse comportamento também pode ser visto dentro da saúde suplementar, ainda que, aparentemente, em menor escala. Segundo a pesquisa IESS/Ibope, 93% dos beneficiários que realizam exames os retiram e retornam ao médico. Os outros 6% só retornam ao médico se o exame apontar algo negativo. Mas essa taxa de 99% dos exames retirados não significa que não há desperdício. 

Afinal, como já apontamos aqui, o uso de antibiótico é bom quando precisamos combater uma bactéria, mas se tomado sem necessidade, causa males à saúde. Do mesmo modo, realizar exames desnecessários é o mesmo que expor nosso corpo à radiação e outras substâncias que podem nos fazer mal. 

Confira a tabela de realização de exames segundo a última edição da pesquisa IESS/Ibope: 

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Outubro 2019
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De acordo com a pesquisa IESS/Ibope, pouco mais de um quarto (26%) dos brasileiros sem planos de saúde faz uso de serviços médicos por acompanhamento, rotina ou prevenção.  Além disso, quase metade (49%) só procuram ajuda médica quando é necessário ou extremamente necessário.  

Por outro lado, entre os beneficiários de planos, a situação é inversa. Sendo que o principal motivo para usar os serviços de saúde, apontado por 43% dos entrevistados, é por rotina e prevenção. A nosso ver, a diferença de comportamento acaba por influenciar diretamente a qualidade de vida da população, como pode ser percebido nos números detectados pelo levantamento.  

A proporção de beneficiários e não beneficiários que procuram atendimento médico em caso de necessidade é praticamente a mesma. Entre os que possuem plano de saúde, 24% apontam esse uso na pesquisa e, entre a população geral, 25%. Entretanto, quando olhamos para o uso de serviços médicos por conta de extrema necessidade ou emergência, a diferença é nítida. Enquanto 24% dos não beneficiários procuram assistência médica por esse motivo, apenas 14% daqueles que têm planos médico-hospitalares fazem o mesmo. Ou seja, com o aumento do cuidado preventivo, temos uma redução dos casos de emergência. 

O que é positivo para o beneficiário, que está ganhando em qualidade de vida, mas também para o sistema como um todo, que pode aplicar seus recursos de forma mais efetiva em promoção de saúde ao invés de ter que focar no tratamento de condições mais severas. 

Outra diferença detectada na pesquisa é a utilização de serviços médicos por necessidade de cuidados constantes, como no tratamento de doenças crônicas. Enquanto 13% da população geral afirma precisar desse tipo de cuidado, entre os beneficiários o número sobe para 18%.  

Acreditamos que há dois importantes aspectos que precisam ser considerados neste cenário. Primeiro, que a idade média daqueles que têm vínculo com plano de saúde tende a ser ligeiramente superior à dos não beneficiários, inclusive por conta dos cuidados preventivos tomados ao longo da vida. Como é esperado que doenças crônicas e outras patologias que demandam atenção continuada se manifestem com mais frequência em idades avançadas, esse pode ser considerado um resultado natural. O outro aspecto é que muitos brasileiros passam a contar com um plano de saúde justamente por se sentirem mais seguros para receber esse tipo de tratamento contínuo. 

A pesquisa do Ibope indica que 48% dos beneficiários afirmam que a principal razão para ter o plano é a segurança e o respaldo com relação à própria saúde e que 14% dos não beneficiários desejam ter o plano justamente por necessitarem de acompanhamento médico constante. 

Quer saber mais sobre o uso de serviços de saúde no Brasil? Continue acompanhando nosso Blog. 

Setembro 2019
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Trazer o paciente para o centro do processo decisório sobre os exames, procedimentos e tratamentos que devem ser realizados é fundamental. Não só para que consigamos evitar uma escalada de custos na saúde, mas para que todo o processo ocorra da melhor forma possível. Afinal, um paciente comprometido com o processo tem mais chances de recuperar mais rápido. 

Para alcançar isso, acreditamos que uma das mudanças mais importantes é avançar na modernização da regulação de mecanismos como franquia e coparticipação em planos de saúde, como destacamos no TD 75 – Mecanismos Financeiros de Regulação: conceitos e impactos no sistema de saúde suplementar –, já analisado aqui

Hoje, contudo, gostaríamos de sugerir uma mudança bem mais simples, relacionada com a atitude que cada um de nós tem ao receber avaliações ou recomendações médicas: não aceite tudo de forma passiva. Envolva-se. É da sua saúde que estamos tratando. 

Isso não significa contestar tudo o que o médico diz ou confiar mais no Google do que no profissional que estudou anos e fez uma avaliação pessoalmente do seu caso. Mas queremos sugerir que você sempre faça 4 perguntas aos seu médico: 

  

  • Isso é mesmo necessário? 

  • Quais são os riscos? 

  • Há outras opções? 

  • O que acontece se eu não fizer nada? 

  

A ideia, vamos dar crédito a quem de direito, é do neurocirurgião norueguês Christer Mjåset. O médico afirma que, em 30% dos casos, a resposta para a primeira pergunta será não. E a justificativa para isso é que muitos médicos se sentem pressionados pelos pacientes a indicar um curso de ação, ainda que ele não seja o ideal. 

Mjåset explica bem a questão em sua participação no TED Talks Oslo. Vale assistir.

Setembro 2019
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Esta quarta-feira (4/9), aqui no Blog, destacamos que 88% dos beneficiários de planos médico-hospitalares passaram por consulta, exame, internação ou outro procedimento ao longo do último ano, conforme revela a Pesquisa IESS/Ibope

O número é o mesmo registrado nas edições anteriores da pesquisa, em 2015 e 2017. O dado pode levar a um questionamento equivocado sobre a frequência de uso dos serviços de saúde por meio da rede credenciada pelos planos. É importante notar que o que está estável é o porcentual de beneficiários que faz uso desses serviços, não a quantidade de procedimentos utilizados por eles. 

Como demonstramos em nossa análise especial do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar no Brasil em 2018, já comentada aqui, o número de procedimentos de assistência médico-hospitalar realizados pelos beneficiários de planos de saúde cresceu 5,4% apenas entre 2017 e 2018. No total, foram feitos 1,4 bilhão de consultas, exames, internações etc. no ano passado. 

Como também já destacamos aqui no Blog, quando explicamos porque os índices que medem a variação dos custos médico-hospitalares, como o VCMH/IESS, não devem ser comparados aos indicadores de inflação, a frequência de uso dos serviços médicos é fundamental para determinar os custos do setor. 

E, enquanto é verdade que o uso indiscriminado da assistência médica contratada por meio das Operadoras de Planos de Saúde (OPS) – ou seja, olhar para a carteirinha do plano como um cheque em branco – pode colocar em xeque a sustentabilidade econômico-financeira do setor, também é verdade que há muitos exames e consultas que são e devem ser incentivados, de acordo com as evidências médicas. 

Isso significa que ter 88% dos beneficiários utilizando os serviços de saúde todo ano tende a ser algo benéfico. Na realidade, o ideal seria que 100% dos beneficiários realizassem exames e consulta de rotina com a finalidade de prevenir futuros problemas de saúde e, no pior dos casos, detectar precocemente doenças que já estejam em desenvolvimento.  

Olhando a curto prazo, a prática até pode representar um aumento das despesas assistenciais das OPS, mas se olharmos para o futuro, certamente estaríamos minimizando gastos com tratamentos mais complexos, longos e caros. A melhor parte, contudo, seria o resultado em qualidade de vida para os pacientes. 

Logo, não é a frequência de uso dos serviços médicos a grande inimiga dos custos médico-hospitalares, mas a falta de racionalidade em sua utilização.