A linha tênue entre precaução e obsessão
É cada vez mais claro que a pandemia do novo Coronavírus trouxe uma série de mudanças em diferentes aspectos da rotina, relações pessoais, de trabalho, entre outras. Mais do que isso, tem gerado diferentes debates sobre e questionamentos: como será o futuro pós pandemia? E a interação social e a ocupação física dos espaços? Muitas mudanças vieram para ficar e outras ainda são temporárias em função do atual cenário.
Outro grande debate diz respeito à saúde mental. Um grupo de pacientes diretamente impactado em um contexto como o de hoje é o de pessoas com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), com o aumento da ansiedade, a obsessão por não se contaminar e o que isso pode desencadear.
Isso motivou a formação de um grupo de trabalho sobre o TOC em tempos de pandemia, com 33 especialistas de 12 países: Brasil, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Israel, Itália, México, Portugal, Reino Unido, África do Sul e Suíça. Os profissionais que integram o grupo são membros do International College of Obsessive Compulsive Spectrum Disorders (ICOCS) e Obsessive-Compulsive Research Network (OCRN) do European College of Neuropsychopharmacology.
O que gerou a publicação de um material com o objetivo de oferecer orientações para os médicos sobre a melhor maneira de lidar com esse desafio. Vale lembrar, por exemplo, que indivíduos com TOC podem ser altamente preocupados com a possibilidade de entrar em contato com uma doença, o que os leva a não tocar em certas superfícies, diminuir o contato social e/ou passar horas lavando ou desinfetando as mãos.
“Para os pacientes com obsessão por contaminação, o momento que estamos vivendo representa um aumento importante do risco de agravamento dos sintomas do TOC”, apontou Dr. Antônio Geraldo da Silva, médico psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Em entrevista ao Medscape, o psiquiatra Dr. Leonardo Fontenelle, único brasileiro membro do grupo de especialistas, apontou que o estímulo da adoção de novos comportamentos de limpeza criou-se uma zona cinzenta entre o normal e o patológico. Ele é professor-adjunto do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e filiado ao Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR). “Normalmente, o diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo com obsessão por contaminação e compulsão por limpeza não é difícil. São considerados o tempo dedicado aos sintomas, o nível de interferência desses sintomas na vida do indivíduo e o estresse associado”, disse.
Veja a publicação aqui.
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