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Erros, erros e mais 1,4 milhão de erros

Dezembro 2017
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Semana passada, aqui no Blog, analisamos os números de mortes por eventos adversos nos hospitais brasileiros: são 829 brasileiros por dia em 2016 de acordo com o primeiro Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, produzido por nós e pela Faculdade de Medicina da UFMG. 

Além das 302,6 mil vidas perdidas no ano passado, erros de dosagem de medicamento, desatenção durante procedimentos médicos e outros eventos adversos impactaram uma quantidade muito maior de brasileiros. Já que além dos óbitos também podem gerar sequelas, comprometendo o exercício das atividades da vida do paciente e causando sofrimento psíquico.  

Isso sem contar no tempo de internação e a privação do convívio regular com parentes e amigos em decorrência dessas falhas: os pacientes com alguma condição adquirida em função de evento adverso permanecem internados por aproximadamente três vezes mais do que o tempo previsto quando foram inicialmente admitidos nos hospitais.  

De acordo com dados do anuário, dos 19,1 milhões de brasileiros internados em hospitais ao longo de 2016, 1,4 milhão foram “vítimas” de ao menos um evento adverso. No mundo, de acordo com o documento, ocorrem anualmente 421 milhões de internações hospitalares e 42,7 milhões de eventos adversos. 

Novamente, vale reforçar que o objetivo do estudo é promover a transparência de informações e dos indicadores de qualidade assistencial e de segurança do paciente, além de encorajar as melhorias necessárias nos serviços prestados. 

Outra questão que precisa ser observada é o custo gerado por essas situações. O anuário projeta que, em 2016, os eventos adversos consumiram R$ 10,9 bilhões de recursos que poderiam ter sido melhor aplicados, apenas na saúde suplementar brasileira. Não foi possível estimar as perdas para o SUS porque os valores pagos aos hospitais se originam das Autorizações de Internações Hospitalares (AIHs) e são fixados nas contratualizações, existindo outras fontes de receita não operacionais, com enorme variação em todo o Brasil.   

Claro, a preocupação aqui não é o gasto em si, mas o volume de recursos que poderiam ser alocados em investimentos no próprio setor de saúde. Afinal, como já falamos algumas vezes, os recursos da saúde são finitos e não é possível oferecer tudo, o tempo todo, para todo mundo. Aplicar os recursos de modo inteligente e sem desperdiçar com problemas que poderiam ter sido evitados é fundamental para garantir a qualidade assistencial. Principalmente frente aos desafios que se impõem a sustentabilidade do setor. 

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