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Julho 2021
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A saúde mental é um assunto importantíssimo e, felizmente, cada vez mais debatido. Dentre os diagnósticos mais comuns se encontra a Síndrome de Burnout, doença ocupacional caracterizada por exaustão ou esgotamento mental, usualmente acompanhada de sentimentos negativos relacionados ao próprio trabalho e perda de efetividade nas tarefas diárias. A confusão acerca da doença no Código Internacional de Doenças (CID 10) teve, ao menos, o efeito positivo de estimular debates sobre essa e outras doenças mentais.

Mesmo assim, ainda há muito a ser debatido para que a questão ganhe a relevância que merece, ao menos em nossa opinião. É preciso desmistificar o termo “doenças mentais”. Aliás, usado para classificar problemas de saúde muito diversos, que vão desde a demência até depressão, passando por transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), autismo, síndrome de Down, dislexia e muitos outros.

Talvez você se lembre que falamos recentemente sobre o Burnout entre os profissionais de saúde. O Observatório Anahp e a 6ª Nota Técnica do Observatório consolidam os cenários até março de 2021 e mostram a tendência para os próximos meses. Na análise, pode-se concluir que 2021 continuará sendo muito desafiador para os sistemas de saúde com perspectivas de ‘ondas’ de Covid-19, taxa de ocupação de leitos, perfil epidemiológico, entre outros.

O relatório revelou um grave desafio enfrentado pelo setor ao longo de 2020. Junto com as novas contratações, cresceu também o absenteísmo. O contágio de profissionais da saúde e o esgotamento (burnout) são fatores que explicam o forte aumento na taxa, que saiu de 2,16% em 2019 para 3,56% em 2020.

Mas e a população em geral? Entre os assuntos em pauta nas mesas de reunião, a saúde mental conquistou espaço. De acordo com uma pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UEFJ), em 2020 os casos de ansiedade e sintomas de estresse agudo dobraram. Além disso, um estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) revelou que 40% dos brasileiros sentiram tristeza ou depressão na pandemia e que o percentual de consumo de cigarro e álcool aumentou, enquanto o de realização de atividades físicas diminuiu.

Em meio ao cenário tão complexo para o bem-estar da mente, o ambiente de trabalho, naturalmente, não se manteve imune à situação. A Síndrome de Burnout também se intensificou. O Brasil carrega o status de ser, segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR), o segundo país do mundo com mais casos da doença – somente atrás do Japão.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país é o líder mundial em casos de ansiedade. E para piorar, uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), demonstrou que, entre maio, junho e julho de 2020, 80% da população brasileira ficou ainda mais ansiosa.

Pesquisa quantitativa sobre saúde complementar do SESI e da ANS, publicada em novembro de 2020, mostra que 69% das indústrias avaliadas possuem a saúde mental dentro dos programas de promoção. 65% delas, inclusive, intensificaram os cuidados com o tema junto aos trabalhadores, em especial as de grande porte.

No levantamento, você encontra essas e outras informações sobre a relação das indústrias com saúde suplementar. Para acessar, clique AQUI.

Junho 2021
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Passado um pouco mais de um ano desde o início da pandemia no Brasil, todo o setor tem se mobilizado para reunir e analisar informações, entender melhor o cenário e saber como se organizar para o cenário atual e o momento pós-pandemia. Com isso, é possível identificar padrões, se preparar para possíveis novas ondas de contaminação e evitar mais impactos no setor de saúde como um todo.

Nesse anseio, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) acaba de lançar o Observatório Anahp 2021 e na 6ª Nota Técnica (NT) do Observatório com resultados de seus associados no ano de 2020 e no primeiro trimestre de 2021. Os documentos mostram o modo como a Covid-19 afetou os principais indicadores dos hospitais privados e as dificuldades que os gestores têm enfrentado durante a pandemia.

A publicação mostra que a taxa de ocupação das instituições associadas à Anahp, que vinha se mantendo acima de 76% nos últimos três anos, sofreu uma queda de 9,37 p.p. em 2020, passando de 76,96% para 67,59%. Isso aconteceu em função da recomendação de adiamento de procedimentos eletivos nos meses iniciais da pandemia em 2020 e pelo receio da população em frequentar instituições de saúde.

No primeiro trimestre deste ano, no entanto, com o aumento de casos de Covid-19, os hospitais privados registraram uma taxa de ocupação maior do que no mesmo período de 2020 (70%), mas ainda inferior a 2018 (75,9%) e 2019 (76,2%).

Vale ressaltar que houve uma redução de 20,09% no número de internações em 2020 em comparação a 2019. Além disso, foi observada uma mudança no perfil dos pacientes hospitalizados no primeiro trimestre deste ano e do ano passado, com aumento de 7,90 p.p. nas internações relacionadas a doenças infecciosas onde está classificada a Covid 19, e queda de 3,7 p.p. das internações relacionadas às doenças crônicas dos aparelhos digestivo e circulatório, e às doenças do sistema osteomuscular.

Por conta da assistência aos infectados, a média de permanência geral, que vinha apresentando tendência de queda entre 2017 (4,27) e 2019 (4,04), aumentou 13,61% em 2020, registrando 4,59 dias. Diante desse cenário, o índice de giro, que mede a capacidade mensal de internação em cada leito, diminuiu 19,1%, passando de 5,85 vezes em 2019 para 4,73 vezes em 2020, em média.

Já o pico de mortalidade de pacientes com Covid-19 nos hospitais associados ocorreu em março de 2021. Os 15,1% daquele mês superou a taxa de 14,9% de agosto de 2020, até então o pior mês desde o início da pandemia.

Continuaremos apresentando outros números do setor nos próximos dias. Acesse aqui as publicações.

Pôster | Despesas com internações de operadora de autogestão segundo o porte hospitalar

Nome admin Sobrenome .
Submitted by admin on qui, 18/03/2021 - 17:02

Pôster sobre despesas com internações de operadora de autogestão segundo o porte hospitalar, com base no Estudo Especial: Despesas com internações de operadora de autogestão, apresentado no Congresso Internacional de Qualidade em Serviços e Sistemas de Saúde (Qualihosp) em 20 de marços de 2019.

Novembro 2020
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Mesmo representando menos de 1% do total de procedimentos na saúde suplementar, as internações detêm a maior parcela das despesas do segmento. O alerta está na “Análise Especial do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar no Brasil entre 2014 e 2019”. No período analisado, as despesas com esse tipo de procedimento tiveram elevação de 70,1%, saltando de 47,3 bilhões em 2014 para 80,4 bilhões em 2019.

Em 2019, as internações responderam por 44,8% do total das despesas do setor, seguidas por R$ 36 bilhões com exames complementares, o que representa 20,1%, e R$ 25,8 bilhões com consultas médicas, 14,1% dos gastos. Além das despesas com terapias e demais despesas médico-hospitalares.

Em 2019 foram realizadas quase 8,6 milhões de internações entre os beneficiários da saúde suplementar, número 13,9% maior na comparação com 2014. O que mostra que a taxa de internação no setor está aumentando, tendo passado de 15,1%, em 2014 e para 18,4% em 2019.

O Brasil passa por um fenômeno de transição demográfica e envelhecimento populacional. Claro que é um avanço da sociedade e da medicina, mas isso traz um aumento das despesas médicas e acende um alerta para a necessidade de se pensar mecanismos para garantir equilíbrio econômico-financeiro, satisfação e qualidade para todos os envolvidos na cadeia, sejam beneficiários, operadoras e prestadores de serviços.

Para se ter uma ideia, o número de internações por fraturas de fêmur entre idosos (60 ou mais anos) quase dobrou, passando de 10,8 mil para 20,7 mil. Outro dado que chama a atenção é do número de internações por problemas cardíacos, também fortemente relacionados com o envelhecimento da população. A internação por infarto agudo do miocárdio cresceu 38,5% entre 2014 e 2019 e para implantação de marcapasso passou de 10,4 mil para 13,7 mil, avanço de 31,8%. As internações por doenças do aparelho circulatório e respiratório representaram cerca de 11,6% do total de internações em 2019.

Nós já mostramos aqui que o setor de planos de saúde médico-hospitalares registrou aumento das despesas na assistência à saúde, mesmo com redução do número total de beneficiários e também o avanço na quantidade de procedimentos de assistência médico-hospitalar realizados no mesmo período. Veja aqui.

Com o objetivo de contribuir ainda mais com a disseminação de dados da assistência à saúde no Brasil, o IESS elaborou o documento com base nos números do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar, publicação anual da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Acesse aqui o estudo aqui.

Agosto 2019
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Com o avanço da medicina ao longo das últimas décadas, houve um ganho expressivo em expectativa de vida e, mais importante, expectativa de vida com qualidade. Ao mesmo tempo, logicamente, aumentaram as ocorrências de doenças crônicas e multimorbidade, já que, com a idade, tendem a aumentar os problemas de locomoção e cognição, bem como a necessidade de hospitalização por longos períodos. Especialmente nos chamados idosos longevos, aqueles com mais de 80 anos. 

Com essa mudança de cenário, passaram a ganhar espaço algumas questões éticas como “quando é melhor tratar o paciente com cuidados paliativos?” ou, ainda, “quando um paciente deveria permanecer internado em domicílio ou em hospital?”. Questões que, em última análise, estão intimamente ligadas à dignidade humana e a capacidade de aproveitar a vida com qualidade junto aos parentes e amigos. 

Já tratamos, aqui no blog, da questão dos cuidados paliativos: o Dr. Daniel Neves Forte, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, deu uma aula sobre o tema no seminário “Decisões na Saúde - Cuidados Paliativos e Nat-Jus: Iniciativas da Medicina e do Direito que geram segurança ao paciente e sustentabilidade ao sistema”. Vale rever. 

Assim como já abordamos a questão da desospitalização e suas vantagens quando bem executada durante nosso seminário no Healthcare Innovation Show (HIS) 2017, também já comentado aqui

Agora, contudo, o estudo “Condições de saúde e necessidades de cuidado de idosos assistidos no domicílio em programa do sistema de saúde suplementar”, publicado na última edição do Boletim Científico, demonstra que para ser efetivo, o modelo de internação domiciliar, em que o paciente é tratado no próprio lar e acompanhado de profissionais de saúde, precisa ser muito bem estruturado para ser eficaz. 

O estudo analisou 92 pacientes internados no próprio domicílio em Florianópolis, Santa Catarina, sendo 67,5% deles idosos longevos, e detectou que metade da amostra encontrava-se acamada, dependendo do auxílio de outras pessoas para realizar atividades básicas a sua sobrevivência. Além disso, 32% dos idosos tinham dependência total para essas atividades e 54% apresentavam perda de cognição severa. 

Resultados que indicam que a rede de suporte e apoio a esta prática precisa ser fortalecida para que esse método de desospitalização possa cumprir seu propósito de entregar dignidade para esses pacientes.  

Você também tem uma pesquisa acadêmica? Não deixe de inscrever seu trabalho de pós-graduação no IX Prêmio IESS de Produção Científica em Saúde Suplementar. Caso seu trabalho não seja de pós, você pode inscrevê-lo no espaço para pôsteres. Veja o regulamento e inscreva-se gratuitamente. 

Pôster Despesas Internação Autogestão Qualihosp

Despesas com internações de operadora de autogestão segundo o porte hospitalar | Natalia Lara

Março 2019

Pôster sobre despesas com internações de operadora de autogestão segundo o porte hospitalar, com base no Estudo Especial: Despesas com internações de operadora de autogestão, apresentado no Congresso Internacional de Qualidade em Serviços e Sistemas de Saúde (Qualihosp) em 20 de marços de 2019.

Junho 2018
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Lançada no último ano, a pesquisa “Avaliação dos Planos de Saúde” IESS/Ibope trouxe diferentes características de beneficiários e não beneficiários com informações sobre os cuidados de saúde, além de destacar a satisfação com os planos médico-hospitalares em todo o país.

Na pesquisa de 2017, a satisfação do brasileiro com o plano de saúde voltou ao patamar apresentado em 2011, no qual 80% dos brasileiros que possuem plano de saúde estavam “satisfeitos” ou “muito satisfeitos” com seus planos. Esse resultado representou um crescimento de 5 pontos porcentuais (p.p.) em relação à pesquisa anterior, realizada em 2015. Os crescimentos mais expressivos foram registrados no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife.

Como destacamos, aqui no Blog, Recife é a capital brasileira onde a satisfação com os planos de saúde mais avançou e Porto Alegre é aquela em que os beneficiários estão mais satisfeitos com seus planos. 

Um dado que merece destaque da pesquisa é de que a satisfação é maior entre aqueles que já realizaram uma internação ou parto na saúde suplementar. Para os beneficiários que já se internaram, os níveis de “satisfeito” e “muito satisfeito” somam 88%, já para os que necessitaram de partos, as duas respostas são ainda mais representativas, atingindo 97% do total. 

Como apontamos, os principais motivos para a satisfação dos beneficiários com seus planos de saúde são: atendimento rápido e de qualidade; qualidade dos médicos; praticidade e agilidade na marcação de consultas e autorização de procedimentos; e, qualidade dos hospitais.

Continuaremos trazendo mais dados da “Avaliação dos Planos de Saúde” IESS/Ibope. Não perca.

Janeiro 2018
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Pesquisas, trabalhos e dados de utilização de serviços médicos são de grande importância para se pensar não só as especificidades de populações e suas características epidemiológicas, como também garantir o eficiente uso de recursos e direcionar melhor as políticas, ações e campanhas em benefício dos pacientes. Foi com este objetivo que realizamos no último ano a Análise Especial “Caracterização dos beneficiários de alto custo assistencial - Um estudo de caso”. O trabalho inédito mostrou que aproximadamente dois terços (66,5%) dos gastos assistenciais de uma operadora são consumidos no atendimento de apenas 5% dos beneficiários de um plano de saúde.

Em um esforço semelhante, o estudo Examining the high users of hospital resources: implications of a profile developed from Australia health insurance claims data (Examinando os principais usuários dos recursos hospitalares: implicações do perfil desenvolvido a partir de dados de seguros de saúde australianos), publicado na 21ª edição do Boletim Científico, destaca o perfil demográfico e as características clínicas dos pacientes do Medicare – sistema de saúde australiano.

Segundo a pesquisa, 1% dos pacientes internados de seguradoras privadas considerados de alto custo são idosos e responsáveis por grande parte da utilização total dos recursos – 13% dos custos totais e 21% do total de dias de internação das seguradoras.

Foram coletados dados de 13 seguradoras de saúde australianas, no período de 2009 a 2015 com base no número de admissões, dias de internação e valor pago por cada uma delas. As principais causas de internação desses indivíduos são saúde mental, diálise, reabilitação, farmacoterapia e neoplasias.

Como já apontamos, o sistema de saúde australiano tem grandes semelhanças com o brasileiro, que garante acesso universal aos serviços e a adesão ao seguro de saúde privado é voluntária. O governo da Austrália possui uma série de políticas que subsidiam os seguros de saúde e encorajam a adesão. Além disso, as seguradoras de saúde privadas podem oferecer serviços de controle de gerenciamento de doenças crônicas e outros serviços ambulatoriais com o objetivo de reduzir as internações e seus custos associados.

Outubro 2017
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O processo de mudança demográfica e maior longevidade da população em âmbito global é algo extremamente positivo e, com certeza uma vitória da humanidade. No entanto, este fenômeno também impacta diretamente na saúde em todo o mundo. Exatamente por isso, este é um dos temas mais presentes nas discussões de saúde e tem pautado também nossos estudos e publicações aqui no blog. O estudo “Hospitalization in older adults: association with multimorbidity, primary health care and private health plan” (Hospitalização em idosos: associação com multimorbidade, atenção básica e plano de saúde) publicado no 19º Boletim Científico avalia a associação entre a ocorrência de doenças crônicas de forma simultânea, o modelo de atenção básica e a posse de plano de saúde com a ocorrência de hospitalizações. 

As hospitalizações de idosos podem trazer graves consequências não só para o sistema de saúde, mas sobretudo para o bem-estar do paciente, que corre o risco de complicações como a diminuição da capacidade funcional e aumento de sua fragilidade – em especial quando estas internações são repetidas e prolongadas. Ou seja, as internações em idosos, deveriam ser indicadas apenas quando não há outra alternativa para manejo mais adequado. Com isto em mente, o trabalho realizou estudo transversal de base populacional com 1.593 idosos (60 anos ou mais) residentes na zona urbana do município de Bagé, Rio Grande do Sul.

Foi observado que a multimorbidade gerou um aumento nas hospitalizações, principalmente as não cirúrgicas. Observou-se também que os idosos com plano de saúde internaram mais, independentemente da presença de múltiplas doenças. Nas áreas onde não há estratégia de saúde da família, no ano de 2008, a prevalência de hospitalização em idosos com plano de saúde foi de 19,2% entre os com multimorbidade e 10,1% entre os sem multimorbidade. Já para os idosos sem planos de saúde, a prevalência de hospitalização foi de 18,6% entre os com multimorbidade e de 10,0% para os sem. No mesmo ano, em áreas cobertas pela Estratégia Saúde da Família, os idosos com plano de saúde e multimorbidade representaram 26,6% e os sem multimorbidade, 20,6%. Entre os idosos com a ESF e sem plano de saúde, a prevalência foi de 15,5% entre os com multimorbidade e 7,6% para os sem multimorbidade.

Os dados mostram que a diferença entre as taxas de internação está diretamente relacionada ao acesso dos pacientes aos serviços de saúde e não, ao programa de prevenção à saúde do sistema em que os idosos estão inseridos. A saúde suplementar garante maior acesso dos beneficiários devido à maior oferta de leitos hospitalares. Neste sentido, os dados do trabalho contribuem não só para a relevância das multimorbidade nas hospitalizações, mas também para as melhorias da atenção da população idosa no país. 

Outubro 2017
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O índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH/IESS), principal indicador utilizado pelo mercado de saúde suplementar como referência sobre o comportamento de custos, registrou alta de 20,4% nos 12 meses encerrados em dezembro de 2016. A decomposição do indicador aponta que 13,7 pontos porcentuais (p.p) decorreram de internações, 2,6 p.p. de terapias, 1,5 p.p. de exames e 1,4 p.p. de consultas, sendo o restante advindo de outros procedimentos ambulatoriais. O VCMH/IESS segue metodologia internacional, aplicada em diversos países, e tem o grande mérito de ser apurado sobre os valores pagos pelas operadoras de planos de saúde por serviços prestados. Assim, ele captura não somente o custo de cada procedimento, mas quantas vezes esse procedimento foi realizado, a chamada “frequência de utilização”.

O indicador é preciso e necessário, no caso brasileiro, por captar as despesas efetivamente pagas pelas operadoras. Algo muito importante, no caso brasileiro, pelo fato de o País adotar de forma recorrente o modelo de conta aberta, ou fee for service. É aí que está a origem do problema da alta de custos na saúde do Brasil. Com este modelo de conta aberta, o hospital é incentivado a consumir o máximo de insumos possíveis para fazer a conta crescer e, assim, aplicar suas taxas sobre todo o consumo. Há um estímulo ao uso dos insumos mais caros e a conta é paga pelo plano, incorporando os desperdícios. Portanto, o VCMH / IESS materializa num único indicador como toda a estrutura de máximo consumo possível, inclusive com fraudes e desperdício, impacta nos custos.

Além disso, há um sério problema no mercado brasileiro de saúde relativo às falhas de mercado e assimetria de informações. Como destacamos no estudo "A cadeia da saúde suplementar", produzido pelo Insper a nosso pedido, competição imperfeita, oligopólio diferenciado, assimetria de informação e corrupção (que alavancam os custos de OPMEs, como mostra o TD 55: "Distorções nos gastos com OPME"), combinadas ao atual modelo de remuneração, geram as condições atuais para potencializar os custos de saúde no País. Apenas para citar um exemplo, retirado do TD 55, um único modelo de prótese de quadril pode custar de R$ 2.282 a R$ 16.718, sendo que na formação deste preço entram: comissões de comercialização, sobrepreço aplicado por hospitais, lucro de distribuidores, tributos e até prêmios para médicos.

Para mudar esse cenário, insustentável, é necessário promover um maior alinhamento entre os diversos elos da cadeia produtiva da saúde (ANS, Ministério da Saúde, OPS, prestadores de serviços e fornecedores de materiais e medicamentos), envolver os estipulantes (contratantes de planos) e os beneficiário. É absolutamente fundamental que se avance na implementação de práticas de transparência, para ser possível avaliar a qualidade e a eficiência de cada elo envolvido e, assim, garantir a precificação justa de produtos e serviços.