Um de nossos temas mais recorrentes é o desperdício na saúde suplementar. Não é por menos, além de gerar problemas para os pacientes, os excessos do setor são responsáveis também por custos elevados em toda a cadeia da saúde. Para se ter uma ideia, eventos adversos em saúde consomem até R$ 15 bilhões da saúde privada no Brasil por ano, como apontamos no estudo “Erros acontecem: a força da transparência no enfretamento dos eventos adversos assistenciais em pacientes hospitalizados”.
O tema também foi destaque na última edição do Boletim Científico, como mostramos aqui que aponta como os excessos na saúde prejudicam o paciente e o sistema como um todo. Neste sentido, o artigo “Avoiding fears and promoting shared decision-making: How should physicians inform patients about radiation exposure from imaging tests?” (Evitando medos e promovendo a tomada de decisão compartilhada: como os médicos devem informar os pacientes sobre a exposição à radiação de exames de imagem?), publicado na 19º edição do Boletim Científico, repercute a questão dos excessos e a necessidade de conscientização da população sobre a exposição à radiação associada a cinco exames de imagem.
O trabalho buscou avaliar quantitativa e qualitativamente, por meio de pesquisa e grupos focais na Espanha, a conscientização a respeito de cinco exames de imagem: raio-x, Tomografia Computadorizada, mamografia, ressonância magnética e ultrassom. Participaram 602 pessoas da pesquisa quantitativa, estratificada por idade e sexo. Do total, 418 (70,3%) declararam conhecer os riscos associados à exposição à radiação para estes exames. Embora 85,4% dos entrevistados afirmarem estar cientes da radiação nos raios-x, menos da metade afirma saber deste risco para a Tomografia Computadorizada (42%) e mamografia (38%). Além disso, 38% dos entrevistados acreditam que a ressonância magnética expõem os pacientes à radiação, sendo que este risco não existe.
A falta de conhecimento da população e a limitada informação oferecida pelos profissionais da saúde sobre estes riscos ainda é um dos entraves para a conscientização dos pacientes. Por isso, o estudo propõe algumas ferramentas que podem ajudar neste sentido, como: como fornecer aos pacientes uma tabela detalhando a equivalência de radiação a que eles estariam sujeitos em cada procedimento, tendo como base de referência um exame de raios-x; informar a radiação ou risco de câncer associado à radiação; e, disponibilizar o histórico de dose de radiação do paciente.
Medidas que apoiamos, uma vez que a promoção da saúde passa pela conscientização cada vez maior do paciente.